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Cartografia do desejo – a cidade e o homem

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Relato do roteiro lírico-etílico-sentimental percorrido por mim, Belém, Vilson Freitas e Luiz Cam, num talvez sábado de outubro de 2011, em memória de Cam                                                                                                                                                  Foto: Arquivo da família de Cam Luiz Cam, arquiteto, apaixonado por cinema, documentarista e amigo: faleceu em junho de 2015, vítima de câncer      Introdução A primeira vez que ouvi falar em Luiz Cam foi numa conversa que tive com Lourival Belém Jr. Eu era repórter do jornal Tribuna do Planalto e fui fazer uma pauta sobre o uso das técnicas do Teatro do Oprimido com adolescentes infratores do Centro de Atenção Socioeducativa (Case), em Trindade, em 2009. Rolou um almoço na ocasião. Belém me passou alguns de seus documentários e um de Cam. Aquele também era meu primeiro encontro com Belém, que se tornaria meu amigo. E desde aquele dia, sempre que nos víamos, Belém

Racismo e consciência afroindígena

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                                                                                                                Foto: Projetooficinadehistoria.blogspot.com.br Foto retirada do blog do Projeto Oficina de História: garotas brincam com cabelo da professora de História, no Xingu      Um dia, uma mulher de seus 35 anos me disse: “Entendo que os negros sofrem discriminação e que são ignorados como seres humanos, mas os índios, estes não considero gente.” Eu era ainda jovem, na casa dos vinte e poucos anos. Fiquei abismado com a declaração dela. Irmã de uma amiga minha, ela tinha visível sangue indígena correndo nas veias. Sua mãe era uma senhora alta e forte, de cabelos castanhos compridos, rosto corado e pés avantajados. Até hoje não sei de onde seus pais vieram para Goiânia. Mas eram do interior de Goiás. Do interior, exatamente como minha família e eu. A mãe dela era pelo menos neta de indígenas, pensava eu. Não disse nada porque, ao se opor tanto aos nat